MANTEIGAS, CORAÇÃO DA SERRA DA ESTRELA
em memória de meus pais que me fizeram nascer numa terra tão bonita

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

HÁ MEIO SÉCULO ATRÁS 9

BATE LEVE, LEVEMENTE...

Assim o poeta higitaniense Augusto Gil definiu a neve que, naqueles tempos, nos visitava frequentemente.
Agora, quase apenas as mais altas montanhas têm o privilégio das carícias aveludadas das pequenas estrelinhas frias que se vão acumulando até formarem o manto branco que torna a paisagem delicadamente calma.
Quantas manhãs, depois de uma noite gélida, tudo à volta aparecia nevado. E nem era muito raro que pegadas de lobos aparecessem nos quintais, denunciando a tentativa de encontrar nas capoeiras o alimento que, na Serra, a neve lhes negava.
Mesmo assim, a vida tinha de continuar e, pegada após pegada, cada um lá ia ao seu destino, esfregando energicamente as mãos ou batendo com força os pés, para não ficarem gelados!
Neve, uma beleza ímpar cuja frieza agreste para alguns é sofrimento. E como o poeta também disse, a propósito dos sinais que nela deixa quem tem de percorrer os caminhos nevados:
Fico olhando esses sinais
Da pobre gente que avança
E noto por entre os mais
Os traços miniaturais
 
De uns pezitos de criança”...

A seguir, fotografias de meu pai com mais de cinquenta anos.
Repare-se, logo na primeira das fotografias, como, então, o Bairro de S. Domingos praticamente não existia.

 






1 comentário:

  1. Lindas, a nossa vila com neve tem uma beleza invulgar. Muitos parabéns pelas belas fotografias que partilha connosco.

    ResponderEliminar