Foi mais uma de muitas festas da
Padroeira de Manteigas em que participei.
A modernidade, com razões de
segurança e de direitos cívicos, fez acabar algumas das manifestações mais
folclóricas e barulhentas mas das quais os manteiguenses, nos quais me incluo,
eram incondicionais apreciadores.
Já não há a “alvorada” que, muito
cedo no dia, nos fazia lembrar que era dia de festa, nem o “pum pum pum” do “foguetório”
que duravam todo o tempo da procissão e proporcionava aos mais miúdos aquele
jogo competitivo que era correr atrás das canas dos foguetes estoirados, para
ver qual conseguia mais!
A tradicional procissão das velas
foi, como sempre, muito participada, bem como a saída do andor de Nossa Senhora
para receber os louvores dos seus fiéis foi, como é hábito, um momento como
sempre aproveitado para pedir à Mãe que guarde a nossa Terra.
Depois, uma pequena mostra
localizada de fogo de artifício fixo no topo da Igreja de S Pedro, deu uma
pequena ideia do que eram aqueles episódios nocturnos de fogo de artifício a
que, naqueles tempos de outrora, se chamava “foguetes de lágrimas”.
Em vez destas populares manifestações
festivas há agora umas noitadas de barulhentos concertos das bandas “pop” que
são contratadas e que, em vez de me acordarem cedo só me consentem adormecer
muito tarde, quase de madrugada.
Mas festa é festa, ainda que
descaracterizada o que, sinceramente, me não dá grande satisfação. Bem sei que
os tempos são outros e, com eles, mudam os gostos, mas bandas pop pode haver
quando se quiser, enquanto a Festa da Senhora da Graça é, apenas, uma vez por
ano!
Dei comigo a pensar que diversas
outras festas lutaram pelas suas tradições e até conseguem que lhes seja
permitido fazer corridas com toiros de morte num país onde a Lei as proíbe, em
nome da preservação de costumes ancestrais.
Felizmente, a Festa de Nossa
Senhora da Graça, tal como a do Senhor do Calvário também o é, continua a ser
uma oportunidade de encontro de manteiguenses por esse mundo fora espalhados,
Num ano uns, noutro ano outros, lá se vão encontrando estes cidadãos tão
especiais que são os naturais de Manteigas que, por mais que se afastem, não
conseguem tirar o seu torrão natal do coração!
Mais uma vez me encantou aquela
banda magnífica em que se tornou a Filarmónica Popular Manteiguense, a que mais
correntemente chamamos Música Nova que, em mais um concerto que pude apreciar,
mostrou a qualidade das suas interpretações de música clássica, pop, folclórica
ou seja o que for. Como gostaria de dizer a cada um daqueles intérpretes como
os aprecio e lhes agradeço o prazer que me proporcionam.
Mas não podem ser esquecidos
aqueles outros tempos que, desde o Sr Porfírio Jorge o primeiro “mestre” que
conheci, permitiram que exista esta banda que tanto aprecio.
Dizem-me que a Música Velha está
igualmente muito boa, o que, também, muito me agrada e espero confirmar logo
que possa.
Finalmente, quero referir uma
exposição fotográfica retrospectiva da Festa de Nossa Senhora da Graça da qual
o espólio de meu pai é a grande base e a prova inequívoca de ter sido ele o
grande ilustrador do passado manteiguense, com um enorme contributo para uma
Terra que, infelizmente, pouco cuidou das suas memórias.
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